quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Queda

Não me lembro quando foi, só tenho lembranças do que tem acontecido, ou melhor, do que não tem acontecido.

Estou neste lugar terrível, esta escuridão que me engole e que esta em minha volta.

Estou caindo, sinto o vento batendo em minhas costas, pernas e braços como se fosse envolto pelo ar, mas continuo caindo e caindo, como se não houvesse um chão. Meu Deus! Eu vou morrer! Com toda certeza vou morrer quando esta queda ter seu fim. Me vem as malditas aulas de física na mente, falando de massa, velocidade e teorias da gravidade e me vem imagens de como ficaria meu corpo depois da queda, retorcido e achatado, sangue e entranhas para todos os lados.

Continuo caindo.

Estou caindo a quanto tempo? minha boca esta seca, minha barriga doí! Percebo que estou sem roupas.

Continuo caindo.

Agora me veio na mente! Estou neste maldito lugar a muito tempo, a muito mais tempo do que acho.

Estou tão cansado, me deixo dormir e durante o sono me vem imagens de pessoas, todos sem rosto mas podia sentir que estavam me olhando, apontavam para mim enquanto eu caia.

Acordo de repente, continuo caindo no vazio, ai me vem a angustia, penso agora não no fim da queda que seria um baque surdo e um corpo quebrado, mas sim, o medo de estar prezo em uma queda infinita sem a misericórdia da morte para dar fim a meu sofrimento.

Eu grito, golpeio o ar, choro, chamo pela minha mãe e amaldiçoo o destino por ter me jogado nesse lugar infernal, mas continuo caindo... caindo....

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Ultima parada - O vagão

Para quem encontre esta carta...

Esta é minha segunda carta.

Estou neste maldito vagão faz 2 dias, pelo que reparei ele começa a se locomover em um certo período. Como meu celular não funciona não tenho como ver as horas, mas imagino que seja por volta do mesmo horário que entrei neste vagão (entre 4:00 e 5:00 da manhã). O trem fica andando por varias horas até parar novamente, mas a escuridão não diminui e mesmo abrindo e fechando as portas, ninguém entra, mas quando o trem para sempre tem algo novo, talvez objetos esquecidos pelos passageiros, ontem encontrei alguns pacotes de salgadinhos e restos de uma lata de refrigerante, eu estava faminto e com sede, devorei os 2 e bebi o resto do refrigerante, imagino que os objetos e pessoas só venham para este lugar no período que eu fiquei preso aqui.

Nestes 2 dias, enquanto o term se locomovia normalmente pude ouvir sussurros, como conversa de pessoas e musica, mas pareciam estar vindo de muito longe mas estavam ao mesmo tempo em minha volta é estranho e difícil de explicar isso, é como se você estivesse dentro de uma caixa e pessoas falando em sua volta.

Hoje amontoei os corpos no outro lado do vagão! Meu Deus, haviam crianças lá! Corpos ressecados, parecia que tinham morrido de fome, mas olhando bem achei marcas estranhas nas costas, uma perfuração na coluna, isso me deixou com medo, verifiquei os outros corpos e havia a mesma marca.

Estou com medo.